segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Os cães pretos voltaram e esperam sentados que lhes dê de comer
Quisera eu que os dois fizessem um filho. para que o aconchegasse. fofo. no regaço. um filho fofo. para que perdesse os dedos dissolvidos de pêlo negro. um filho para amamentar com o sangue que vou largando nas ruas. um animal agarrado ao meu peito. com dentes brancos e finos que me rasgam a pele devagar. um animal pequeno agarrado ao meu peito. com o nariz húmido e a língua áspera de tanto me lamber as feridas. com o nariz húmido a farejar o sangue que me cai gota a gota. o vermelho a sujar-me o soutien. o vermelho a sujar o branco. com a língua húmida a lamber-me as feridas. o sangue que cai. gota a gota como a chuva lá fora. para que possa contar o tempo. o animal sentiu o cheiro e tinha fome. é pequeno e tem frio lá fora. geme. húmido. e agarra-se-me ao peito. o sangue que cai. lambe. chupa. devagarinho. os dentes brancos a rasgarem-me a pele devagar. o sangue que cai porque me devo ter magoado muito no caminho. o sangue que me cai lambem-no os cães porque têm fome. quisera que fizessem um filho. um animal pequeno. preto. a falta do calor no regaço.
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