E o vermelho do vestido saiu-me de dentro. E assim ficou omnipresente a toda à volta de mim. E o céu pôs-se mais escuro e apertado. Para não deixar passar as lágrimas. Nem os sonhos.
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Eu senti fome e fiquei a afogar-me em vermelho e a pensar em como a morte por afogamento afinal é lenta e dolorosa. No fundo sabia que o mundo não acabava ali. Mas do céu para lá não se podia passar. E deste lado o ar começava a ficar tão espesso que já não havia propagação do som [porque por muito que quisessem as móleculas não tinham por onde se mexer]. Como não se podiam mexer não havia som. Só o céu apertado e o vermelho. Eu tinha muita fome e pensava que talvez as coisas pudessem melhorar se ao menos a lebre encarnada viesse para se alimentar do vermelho que me saía do corpo e me trouxesse em troca algo para comer.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
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